segunda-feira, julho 26, 2004

Não há 2 desabafos sem 3

Retomando a intervenção do Prof. Marcelo, veio-me à memória um tempo passado (e não uma frase batida...) que, em jeito de mero desabafo, partilho convosco:

Em certa época da adolescência fui levado pelos ideais do costume a inscrever-me numa juventude partidária.

Bolas! Já tinha sido escuteiro e a coisa não deveria ser muito pior que os acampamentos de sobrevivência, os "raides" em Belas ou o homógrafo...

Aprendi muita coisa: a primeira lição foi que, em política, não existe uma definição próxima da de "amigo".

Aprendi a tirar fotocópias e a financiar associações de estudantes com autocolantes ou uma reunião com um assessor da Educação.

Aprendi os rudimentos do "terrorismo pseudo-politico psicológico" em reuniões infindáveis em sedes e outros "spots" dados à conjura...

Aprendi também (e mais tarde no "Curso" tirei boa nota por já saber a lição) que existe uma diferença incontornável entre a "verdade formal" e a "verdade material"... Em tempos idos, alguém, que a História e o Credo se certificaram nunca fazer desaparecer da nossa memória, questionou num sentido ainda hoje enigmático: "Quid est Veritas"?

Enfim, aprendi muita coisa e de valor muito duvidoso.

Quando me questionei e questionei a pretensa cúpula do burgo (para uns, livre-pensamento, livre-arbítrio, para outros um "pain-in-the-hass", pretenderam ensinar-me a teoria dos "Paninhos Quentes". Recusei. Recusei também ser porta-malas de meia dúzia de bem-relacionados. Restou-me uma profissão (ainda que miserável) entretanto aprendida no tempo regulamentar, sem descontos, e a facilidade com que adormeço à noite (isto, claro, quando o míudo não chora).

Confusos? Mas que raio tem isto a ver com o Marcelo e o Autismo?
Eu explico: tem tudo a ver; o Prof. acertou desta vez!

Há sectores na política partidária cuja única forma de actuação se resume a escamotear ou minimizar os erros, mesmo quando por demais evidentes, realçando apenas pretensos factos positivos.

Esta, não é a minha Política. Esta é a mesma política de aparelho, mesquinha e madrasta, que me fez bater com a porta e, contudo, se continua a revelar intemporal e omnipresente.

E tudo isto porque (numa escala ainda muito ténue de percepção: a coisa vai piorar!!!) um assessor, dos do costume, entendeu dar uma de Fidel (versão tragédia grega) e ainda se esqueceu de numerar as páginas do discurso.

Outro esqueceu-se que os helicópteros da FAP têm comunicações operacionais em tempo real (valha-nos ainda isso) e, mais grave, precisamente para que um PM possa contactar o seu Ministro da Defesa em qualquer circunstância de tempo e lugar.

E se perguntamos ou questionamos o "porquê", não tem necessariamente de dizer que estejamos contra esta ou aquela pessoa, esta ou aquela medida. É apenas porque pensamos pela nossa própria cabeça, estamos atentos e exigimos um mínimo de respeito!

E se nos falham a resposta e, ignorando-nos, empreendem caminho voltando costas, isso, sim, é AUTISMO!

O adágio popular "os cães ladram e a caravana passa" não pode ser resolução perene de Ano Novo. Não sou uma força de bloqueio. Apenas sinto necessidade de desabafar!!!

N