sexta-feira, julho 16, 2004

João? Que João?

Apesar da publicidade feita pelo próprio João, é da mais elementar justiça colocar isto aqui, para que todos possam aferir da importância do criador. Não foi possível apurar, até à hora da colocação do post, se Filipe Rodrigues da Silva estava sob o efeito de substâncias psicotrópicas.
 
 
Impressões Digitais: «O meu amigo João», por Filipe Rodrigues da Silva
 
1. Ao Cidadão Vocês não conhecem o meu amigo João. Quando digo vocês, pretendo afirmar «a esmagadora maioria de vocês». Mas de certeza que muitos já terão lido textos dele. Aqui, no DD, onde pontualmente faz crítica a alguns discos e concertos. No passado, quando era uma das almas do Musicnet. Em algumas revistas, como a Rock Sound. Na rádio, como na divertida «Operação Drunfo» da agora saudosa Voxx. Nos fóruns online de melómanos. E nessa aventura em que embarcou há alguns meses e que dá pelo nome de Terceiro Anel. É um weblog. E pelos vistos com êxito. Apesar do nome encarnado, promove um certo modo de estar ecléctico e revelador de várias cores. Pode ser encontrado em http://terceiroanel.weblog.com.pt/.
E falo dele, do João - a quem carinhosamente muitos chamam Cidadão -, porque foi ele quem me deu às sete da matina o primeiro grande sorriso das últimas horas. O João tem muitas qualidades. Gosta das margens do Ave. Adora dub e o bom reggae. Não vai à bola com o electroklash. Gosta dos Hooverphonic, Mike Patton e Mão Morta. Matou-se a trabalhar para trazer a Portugal os Logh. Partilha comigo a paixão pelos Pixies. Por uma boa cerveja. Um bom concerto. Um bom jogo de futebol. Tem os seus defeitos. Por vezes é tão teimoso quanto diplomata. Vicia-se em alguns jogos de computador e derivados. Não poucas vezes, discutimos - em especial quando se fala de The Beatles e em dos seus adorados Dire Straits. Quase que lhe perdoo ser um lampião inveterado. Ok, perdoo. Mas, na realidade, não há nada para perdoar.
E depois do que escreveste hoje, João, podemos voltar ao País real com um sorriso. E encontrarmo-nos no sábado à noite, no festival Optimus.hype@Meco, quando o Herbert subir ao palco. Por entrar no turno da manhã, não fui para o Bairro Alto na noite de domingo, encontrar amigos que me telefonaram durante o dia. Entre os quais tu. Mas hoje, as últimas palavras desta coluna são tuas.
«A selecção de Portugal fez os jogos todos possíveis, abriu e fechou o Euro, proporcionou ao País noites mágicas, impensáveis há poucos meses. Conquistou-nos, fez as pazes com a nação, mandou para casa a Inglaterra, a Holanda, a Rússia e a Espanha!
Hoje, após a derrota, voltei ao Bairro Alto. Deve ter sido a única vez que fui beber um copo depois de uma derrota tão chocante. Mas fui, porque a capital merecia, porque a selecção merecia, porque eu não acreditava nada nestes gajos, até os gozei, e no fundo foram eles que me deram dias e noite memoráveis de grande futebol, grande alegria e orgulho.
E fiquei muito contente por ver tanta gente na rua a pensar como eu. De copo na mão, sorriso fácil mas com excelente atitude. Não fomos campeões europeus, mas estivemos na final. E melhor que tudo, organizámos, assim mesmo na primeira pessoa do plural, um Europeu fantástico!
Pela minha parte agradeço tudo, prometo torcer pela selecção rumo ao Mundial e pode ser que da próxima vez sejamos os melhores, mas para isso temos de manter este espírito que o País demonstrou ter aprendido a gostar.»

PG