terça-feira, agosto 16, 2005

Brasuca Juvenal

O Juvenal tava desempregado havia meses. Com a resistência que só

os brasileiros têm, o Juvenal foi tentar mais um emprego em mais uma
entrevista.
Ao chegar no escritório, o entrevistador lhe perguntou:
- Qual foi seu último salário?
- "Salário mínimo", respondeu Juvenal.
- Pois se o Sr. for contratado ganhará 10 mil dólares por mês!
- Jura?
- Que carro o Sr. tem?
- Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um
carrinho de mão!
- Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma BMW
para
sua esposa! Tudo zero!
- Jura?
- O senhor viaja muito para o exterior?
- O mais longe que fui foi pra Belo Horizonte, visitar uns parentes...
- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por
ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, etc.
- Jura?
- E lhe digo mais... O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo
agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido.
- Se até amanhã (sexta-feira) à meia-noite o senhor NÃO receber um
telegrama nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira.
- Juvenal saiu do escritório radiante. Agora era só esperar até a
meia-noite da
sexta-feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama.
- Sexta-feira mais feliz não poderia haver. E Juvenal reuniu a família e
contou
as boas novas.
- Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa a base de muita
música.
- Sexta de tarde já tinha um barril de choop aberto. As 9 horas da noite a
festa fervia.
- A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta. Dez horas, e a
mulher de Juvenal
aflita, achava tudo um exagero.
- A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pra perto do Juvenal.
- E a banda tocava!
- E o choop gelado rolava!
- O povo dançava!
- Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro.
- Gastaria horrores para o bairro encher a pança. Tudo por conta do
primeiro salário.
E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio assustada.
- Onze horas e cinqüenta e cinco minutos........
- Vira na esquina buzinando feito louco uma motoca amarela...
- Era do Correio!
- A festa parou!
- A banda calou!
- A tuba engasgou!
- Um bêbado arrotou!
- Um cachorro uivou!
- Meu Deus, e agora? Quem pagaria a conta da festa?
- Coitado do Juvenal! Era a frase mais ouvida.
- Jogaram água na churrasqueira!
- O chopp esquentou!
- A mulher do Juvenal desmaiou!
- A motoca parou!
- Senhor Juvenal Batista Romano Barbieri?
- Si, si, sim, so, so, sou eu...
- A multidão não resistiu...
- OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!
- Telegrama para o senhor...
- O Juvenal não acreditava...
- Pegou o telegrama, com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e
olhou para todos.
- Silêncio total.
- Respirou fundo e abriu o telegrama.
- Uma lágrima rolou, molhando o telegrama...
- Olhou de novo para o povo e a consternação era geral.
- Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler.
- O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava.
- E agora? Quem vai pagar essa festa toda?
- Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez
para o povo que o encarava...
- Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e
começou a gritar eufórico...
- Continua a festa, galera. Foi só a mamãe que morreu!
- Mamãe morreeeeuuu! Mamãe Morreeeeuuu!!!!!!!